William H. Hays, Ron
Ao fundo da Luis de Camões, carris encastram o pavimento. Minuto mal passado, e surge o “amarelo da Carris”. Para quem, vergonhosamente, não utiliza os transportes públicos a surpresa: foi-se o vibrar ruidoso do rolamento, a escassez de espaço, o ‘quase varandim’ da saída; idos os ‘bancos dos palermas’.
Rente à zona ribeirinha, o eléctrico progride tranquilo. De dentro para fora, a descoberta duma cidade aberta com água cerca. A luz dourada do final de tarde ilumina trajecto e chegada à Praça do Comércio. Neste Terreiro chamado do Paço, o bronze de D. José I empinado na montada ganha cor nova e a História traz à lembrança a subida dos degraus de mármore do Cais das Colunas pelo rebelde Gungunhana a soldo dos ingleses.
Passando pelo Arco da Rua Augusta, volvido de novo o olhar para cima e para o rio, é de ouro, senhores, o arco. A rua fervilha, branda, com gentes fruindo as esplanadas e a calmaria. À direita, no alto, os pinheiros mansos e as muralhas do Castelo de ouro também. Desaparecido o vazio da Baixa aos fins-de-semana, movimentado o Rossio. Subindo as ‘Escadinhas do Duque’, cruzam-se passantes, gargalhadas, línguas de variegadas partes do mundo. É Verão, as pernas libertas caminham nuas. Algumas tomam descanso e janta nas esplanadas no aperto das escadas. Outras continuam o sobe e desce, copo de cerveja na mão, alegria da descoberta nas faces.
Já a noite de sábado ganhou ao dia, já o Euphoria satisfez requintadamente a fome com a cozinha marroquina chefiada pela Acinha. No seu francês limpo conversa e despede-se com simpatia dos que entraram fregueses e saíram conhecidos próximos. Do Largo da Trindade em diante, a descida pela do Alecrim. Antes, um Camões tão repleto de vidas como todo o baixio pombalino. Depois, é a noite de sobra que embala quem escolheu a cidade para vaguear com destino.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros