Domingo, 14 de Fevereiro de 2010

AMORES SEM VIDRAÇAS OU DIAS


John kacere

 

Fuga breve. Sítio outro. Quentura na alma advinda do íntimo, independente da chegada soalheira como Primavera adiantada no tempo e no corpo. Tiritar anunciado desfeito pelo sentir da pele. Água na manta com brilhos verdadeiros. Novidades à esquerda e à direita. Finalmente, na margem percorrida, o condomínio embargado tapou tijolos e ferro e constrói lugares de bom viver. Envidraçados os, antes, buracos. Demandam a água fronteira. O outro lado. Naquele, abatidas laranjeiras no pomar selvagem com a base dos troncos velhos inundados durando chuvas invernosas. Testemunhadas num par de décadas, menos pelo desconto inconsciente da criança.  

 

Mudar de terra desgoverna rituais quotidianos – abundância no desjejum, coordenadas da cama, longe a escolha liberal da lingerie apetite. Muito mais pontifica. Ainda bem, que do costumado há bastante. Até as ondas da rádio crescem frequência, diminuído o comprimento periódico pelos retransmissores locais. E, acordada a mulher para a luz natural, cai dissertação sobre morte e ritos fúnebres. Sem ajuste ao espírito alegremente iludido. Esforço valente para o botão debitar vozes desejadas. A 'menina da rádio' detecta elo que continua e sabe pela vida vivida. Por ele, interroga-se. "Igual ao pai", ouviu dizer desde cedo. No tempo da rebeldia, negava. No crescer, entendeu semelhanças de atitudes, gostos, nadas/«tudos» fundamentais do espírito.

 

O pai foi e seria eterno amor. Fascínio: a mãe pelo requinte, pela argúcia, feminilidade, prendas domésticas, estar generoso e presença. Sente a avó Mamia e os pais como primeiros namorados, entendidos como aqueles que sentem e retribuem amores. Outros vieram e foram. Nos que ficaram, a mãe perdura. Por isso diz “Amo-a!”. Não conta dos rostos colados e beijos que enlaçam o, há muito, enlaçado.

 

CAFÉ DA MANHÃ

 

 

publicado por Maria Brojo às 11:22
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