Mark Sanislo – Gilpin Fun Michael Godard
Tômbola de quermesse paroquial. Beata. Gira e, em vez de caneca ou urso peludo, sai branco o talão. Mas pode ser o contrário. Como ganho o bem cobiçado por todos os embezerrados até parar o ponteiro.
Envergonho-me de jogar neste casino fiscal. De antes jamais me haver preocupado com faturas onde inscrito o meu número de contribuinte. De ter sido má cidadã, pior, persistir na convicção de ser tão culpado quem rouba a vinha como quem faz ronda no portão. E sinto culpa pela mudança de atitude perante o fisco. Porque nas minhas contas em nada posso fugir às garras dos impostos, entendo os pobres explorados, alvos fáceis dos roubos. Os maioriais colocam em ‘offshores’ rendimentos e safam-se de impostos como magrelas entre pingos de chuva. Pelintras como eu ficam à mão de semear.
Se jamais foram do meu gosto jogos de sorte ou azar, se nunca recebi nem uma caneca nas quermesses beatas, decidi iniciar-me nesta tômbola fiscal. Nem é pela economia paralela – cá se fazem, cá se deveriam pagar fosse oleada e eficaz a justeza da máquina do fisco. É mesmo pelo fruir dos ridículos do sistema que os governantes engendraram. Pelo assalto sistemático às minhas algibeiras puídas que dura e dura e cansa.
CAFÉ DA MANHÃ
Adoçantes
Peregrinando
Brasileiros